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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Entrevista

Hoje quero deixar aqui uma entrevista que o ex vice presidente José Alencar deu. Quem me enviou foi a psicóloga Carmela lá do IOV, onde faço tratamento. Um texto longo, mas que vale a pena ler, uma lição de vida desse homem guerreiro que nunca se deixou desanimar e enfrentou a doença de cabeça erguida e com muita fé. Espero que gostem!

Na semana passada, o vice-presidente da República, José Alencar,
de 77 anos deu início a mais uma batalha contra o câncer.
É o 11º tratamento ao qual se submete.

*Desde quando o senhor sabe que, do ponto de vista médico,
sua doença é incurável?

JA - Os médicos chegaram a essa conclusão há uns dois anos
e logo me contaram.
E não poderia ser diferente,
pois sempre pedi para estar plenamente informado.
A informação me tranquiliza.
Ela me dá armas para lutar.
Sinto a obrigação de ser absolutamente transparente
quando me refiro à doença em público.
Ninguém tem nada a ver com o câncer do José Alencar,
mas com o câncer do vice-presidente, sim.
Um homem público com cargo eletivo não se pertence.

*O senhor costuma usar o futebol como metáfora
para explicar a sua luta contra a doença.
Certa vez, disse que estava ganhando de 1 a 0.
De outra, que estava empatado.
E, agora, qual é o placar?

JA - Olha, depois de todas as cirurgias pelas quais
passei nos últimos anos, agora me sinto debilitado
para viver o momento mais prazeroso de uma partida:
vibrar quando faço um gol.
Não tenho mais forças para subir no alambrado e festejar.

*Como a doença alterou a sua rotina?

JA - Mineiro costuma avaliar uma determinada situação dizendo que
"o trem está bom ou ruim".
O trem está ficando feio para o meu lado.
Minha vida começou a mudar nos últimos meses.
Ando cansado.
O tratamento que eu fiz nos Estados Unidos me deu essa canseira.
Ando um pouco e já me canso.
Outro fato que mudou drasticamente minha rotina foi a colostomia
(desvio do intestino para uma saída aberta na lateral da barriga,
onde são colocadas bolsas plásticas),
herança da última cirurgia, em julho.
Faço o máximo de esforço para trabalhar normalmente.
O trabalho me dá a sensação de cumprir com meu dever.
Mas, às vezes, preciso de ajuda.
Tenho a minha mulher, Mariza e a Jaciara
(enfermeira da Presidência da República)
para me auxiliarem com a colostomia.
Quando, por algum motivo, elas não podem me acompanhar,
recorro a outros dois enfermeiros, o Márcio e o Dirceu.
Sou atendido por eles no próprio gabinete.
Se estou em uma reunião, por exemplo, digo que vou ao banheiro,
chamo um deles e o que tem de ser feito é feito e pronto.
Sem drama nenhum.

*O senhor não passa por momentos de angústia?

JA - Você deveria me perguntar se eu sei o que é angústia.
Eu lhe responderia o seguinte:
desconheço esse sentimento.
Nunca tive isso.
Desde pequeno sou assim, e não é a doença que vai mudar isso.

*O agravamento da doença lhe trouxe algum tipo de reflexão?

JA - A doença me ensinou a ser mais humilde.
Especialmente, depois da colostomia.
A todo momento, peço a Deus para me conceder a graça da humildade.
E Ele tem sido generoso comigo.
Eu precisava disso em minha vida.
Sempre fui um atrevido.
Se não o fosse, não teria construído o que construí
e não teria entrado na política.

*É penoso para o senhor praticar a humildade?

JA - Não, porque a humildade se desenvolve naturalmente no sofrimento.
Sou obrigado a me adaptar a uma realidade em que dependo
de outras pessoas para executar tarefas básicas.
Pouco adianta eu ficar nervoso com determinadas limitações.
Uma das lições da humildade foi perceber que existem pessoas
muito mais elevadas do que eu,
como os profissionais de saúde que cuidam de mim.
Isso vale tanto para os médicos Paulo Hoff, Roberto Kalil,
Raul Cutait e Miguel Srougi
quanto para os enfermeiros e auxiliares de enfermagem
anônimos que me assistem.
Cheguei à conclusão de que o que eu faço profissionalmente
tem menos importância do que o que eles fazem.
Isso porque meu trabalho quase não tem efeito direto
sobre o próximo.
Pensando bem, o sofrimento é enriquecedor.

*Essa sua consideração não seria uma forma de se preparar para a morte

JA - Provavelmente, sim.
Quando eu era menino, tinha uma professora que repetia
a seguinte oração:
"Livrai-nos da morte repentina".
O que significa isso?
Significa que a morte consciente é melhor do que a repentina.
Ela nos dá a oportunidade de refletir.

*O senhor tem medo da morte?

JA - Estou preparado para a morte como nunca estive nos últimos tempos.
A morte para mim hoje seria um prêmio.
Tornei-me uma pessoa muito melhor.
Isso não significa que tenha desistido de lutar pela vida.
A luta é um princípio cristão, inclusive.
Vivo dia após dia de forma plena.
Até porque nem o melhor médico do mundo
é capaz de prever o dia da morte de seu paciente.
Isso cabe a Deus, exclusivamente.

*Se recebesse a notícia de que foi curado, o que faria primeiro?

JA - Abraçaria minha esposa, Mariza e diria:
"Muito obrigado por ter cuidado tão bem de mim".

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Bonito não? Uma lição de vida perante a dor.
Um abraço a todos vocês! Fiquem com Deus!

19 comentários:

  1. Realmente uma lição...Dignidade que ele teve até o fim...Linda!Tocante!beijos,tudo de bom,chica

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  2. Olá!
    Ele foi um homem lutador, trabalhador e que de certa forma ajudou muito o nosso Brasil.
    Sua humildade o tornou carismático.
    Teve todo o amparo que a medicina dispunha para a sua doença e soube usar para ter uma sobrevida digna.
    Deixou muitos ensinamentos e muitas verdades.
    Não o conheci o suficiente para dizer que ele poderia servir de exemplo, mas pelo que se viu deveria ser uma pessoa muito boa.
    Pena que nem todos os brasileiros têm o mesmo tratamento que ele teve.
    Bjs, tenha um lindo final de semana.

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  3. Não tem como não se emocionar!!!
    Alencar é um exemplo de perseverança e fé!!!!
    Nós que passamos pela doença do século,sabemos muito bem como fica a nossa vida e de todos aqueles que estão ao nosso redor!
    Parabéns Cris pela matéria!
    E quero lhe desejar hj e sempre muitas bençãos em sua vida!
    Bjus querida e fica com Deus *-*

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  4. Olá querida amiga,
    Que lindo, comovente! José de Alencar foi um ser humano extraordinário, grande guerreiro, exemplo de força, fé e humildade.
    Obrigada por sua visita e pelas palavras de carinho.
    Que Deus esteja sempre presente em sua vida!
    Muita luz em sua caminhada! Fé sempre!
    Grande beijo.

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  5. Pessoas e Pessoas.
    Independente do tratamento de ponta que ele recebeu, que sem dúvida faz toda a diferença, deveria ser igual para todo brasileiro pois "ameniza o sofrimento e muito".
    Existem pessoas que mesmo recebendo o mesmo tratamento de ponta, não conseguem ter esse mesmo olhar para a vida.
    As pessoas são diferentes, e não é apenas o Plano de Saúde que as difere.
    É inerente ao ser.
    Acredito que tendo o mesmo tratamento que eu SUS, ele pensaria da mesma forma.
    Obrigada pelo post.
    Bjs.
    Wilma
    www.cancerdemamamulherdepeito@blogspot.com

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  6. Boa noite, Cristina.

    É antagônico, mas ele foi um guerreiro abnegado!!
    Deu uma lição de vida...

    Tenha uma linda semana abençoada e cheia de força.

    Beijos.
    Maria Auxiliadora (Amapola)

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  7. Você tem fé e há de vencer, em nome de DEUS!!
    Que a luz Divina ilumine o seu tratamento.

    Beijos.

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  8. OI CRIS!!!
    Linda entrevista, lindo ensinamento, que DEUS continue nos abençoando grandemente, e que nosso placar continue sempre 2x0 porque somos vencedores!!!
    Bjos

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  9. Oi, Cristina!

    A forma como ele encarou os fatos serviu de exemplo não somente para quem tem a doença, mas para todos que de uma forma ou de outra já perderam o vínculo com a humildade.

    Beijos e um ótimo domingo!

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  10. É isso aí querida....vivendo e aprendendo a cada dia,não é mesmo?!!!Paz e Luz.Beijos,Carmela.

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  11. Lindo post Cris! Deus deu a ele o cobertor conforme o frio que ele sentiu, ele amou viver.
    Beijos da Sol

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  12. Tenho muito orgulho desse 'mineirim', Cris! Homem simples, com uma história de persistência e vitórias, em todos os setores de sua vida. Lidou com a doença com serenidade, acostumado que era com as intempéries da existência. Jamais será esquecido, talvez menos como político e mais como um lutador que não 'entregou a rapadura', como se diz aqui em Minas. Beijos, Angela
    http://noticiasdacozinha.blogspot.com

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  13. Que lição de vida linda! É essa força que nos dá munição para batalhar e querer mais e mais viver, e viver bem! Assim como o José de Alencar, você também amiga faz a diferença, exemplo para muitos. Desculpe se fiz coisa errada comentando aqui onde seria 'responder' da amiga Angela, mas só consegui assim e até que enfim o Google deixou, rsrsr. Mas o que vale é que consegui o meu intuito né? Beijo grande nesse coração maior ainda.Te admiro pacas!
    Cris

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  14. Olá Cris,tudo bem querida? Espero que sim!
    Passando aqui no seu cantinho para dezejar-lhe um fim de semana abençoado,abraços e fique com Deus !
    Aninha*-*

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  15. Ele foi um grande homem...
    Mamãe sempre falava dele!
    Amiga Cris, hoje passei para te desejar um FELIZ dia da MULHER...
    Que as maravilhas de DEUS sejam sempre eternas em sua vida...
    Beijos
    e obg por todo carinho
    Lane

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  16. Oi Cris...
    Passei para AGRADECER o comentário em meu blog...
    E deixar um super beijo e um abraço forte... a vc mulher GUERREIRA, VITORIOSA, VENCEDORA...
    Te desejo tudo de bom... E feliz dia da MULHER, vc merece...
    Beijinhos...da menina do Blog!

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  17. Que lindo Cris... força, fé e amor são sentimentos que notamos aflorar pelas palavras dele...
    Um lindo dia da mulher pra ti tbém flor!! Muita luz e muitas bênçãos!! Bjss

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  18. José de Alencar é um exemplo de coragem e força mesmo... fiquei arrepiada lendo isso aqui! Parabéns pelo post.
    Bjos.
    Renata Cambuy.

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