Felicidade

A arte de ser feliz

Houve um tempo em que minha janela se abria
Sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era época de estiagem, de terra esfarelada,
E o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
E, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma regra: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não
Morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caiam de seus
Dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Ás vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta.
Ás vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
Que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
Outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
Finalmente, que é preciso aprender olhar, para poder vê-las assim.


Cecília Meireles


Refletindo sobre esse poema de Cecília Meireles penso na felicidade, e concluo que ela existe sim, basta que mudemos o foco, o nosso olhar diante de tudo que nos é apresentado nessa vida, parece simples e é mesmo. É no cotidiano, no dia a dia que se esconde a beleza de viver! Nesses dias de luta tenho observado tanta coisa que nunca enxerguei ou não queria enxergar, tenho dado valor a coisas simples como o vento, o caminhar sem direção, ao cantar dos pássaros, enfim na vida! Então que mudemos nosso olhar e deixemos que a felicidade venha! Um abraço a todos e um bom domingo! Bjs.....